sexta-feira, 3 de outubro de 2014

VASCO


"a Vasco Gonçalves”

Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem
vento areias lábios, tudo ardia."
Eugénio de Andrade

NÃO ESQUECEREMOS AS PALAVRAS QUE NOS DEIXASTE.

mário

1 comentário:

  1. Lindo, o poema do Eugénio de Andrade!
    E que saudades do "Companheiro Vasco" e desse tempo em que acreditava ainda poder mudar o mundo, esta parte do mundo, pelo menos..
    Bjis, Mário!

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